18/07/2011

Projeto de lei contra a desvalorização da mulher na música

Por Graça Dantas

Um projeto assinado por 11 deputadas do Estado da Bahia e com apoio de 20 parlamentares, propõe que o poder público seja proibido de contratar artistas que em suas músicas, danças ou coreografias desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres à situação de constrangimento.

A iniciativa é uma ofensiva contra as letras e danças do pagode baiano, gênero bastante popular no Estado. “Isso é um horror”, afirma a deputada Luiza Maia (PT). “Precisamos criar uma consciência na sociedade para que as pessoas repudiem esse tipo de arte. As mulheres não devem dançar ‘dando a patinha’ como diz um dos hits do pagode”, diz.

Ela se refere à música Me dá a patinha, do grupo Black Style, cuja letra diz: “Ela é uma cadela/ Joga a patinha pra cima/ Me dá, sua cachorrinha”. Outra música da banda diz que “mulher é igual a lata, um chuta outro cata”.

Professor e antropólogo da UFBA, Roberto Albergaria, que estuda a música baiana, critica o projeto de lei. “É uma idéia estúpida e preconceituosa. A deputada não entendeu como essas músicas são recebidas pelo povo. Elas são machistas, como a sociedade também é. Mas as mulheres que ouvem pegam essas letras, retorcem e fazem uma leitura irônica delas”, afirma.

Diante do que é oferecido aos cidadãos brasileiros pela mídia, se não há um questionamento ou uso da reflexão, acontece um certo retardamento cultural, tanto em relação à questão da educação num sentido geral, quanto em relação ao nível de intelecto. Porém, críticas feitas ao projeto de lei desta deputada baiana, mostram que não existe preocupação com este tipo de desenvolvimento. Basta que o produto cultural faça sucesso, para ser bom à sociedade.

Desenvolvimento não se refere apenas à parte econômica, mas também como o grupo ou sociedade vive culturalmente. Como o exemplo aqui citado, músicas promíscuas, retratam o comportamento da juventude, que é induzida pela mídia, por não terem incentivo à uma cultura que trabalhe o uso da razão e do intelecto, mais questionadora, menos passiva e relativista à tudo que lhe é oferecido e imposto como moda.

À saber, segundo o dicionário Aurélio:

Ética: estudos dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano.

Moral: Conjunto de regras de condutas ou hábitos julgados válidos.

fonte: Jornal do Commércio, 17/07/11, Brasil,11. Investida contra a baixaria na música.

Um comentário:

  1. Pois é... segundo o professor da UFBA (aliás, não é essa a mesma onde "lecionava" o ex-BBB atual deputado Jean Wyllys?) as mulheres devem "retorcer" a propaganda machista e usá-la contra a sociedade (machista). O "machismo" da sociedade, pra ele, é ruim. Logo a melhor coisa é ser "mais ruim" que ele.
    E ainda acha que as mulheres podem ficar satisfeitas em fazer uma "leitura irônica" das letras depreciativas. "Apenas sorria e acene". E rebole, sempre que possível...

    Ah! E notem o escudo comumente usado pelos inimigos da moral e dos bons costumes: "... e preconceituosa". Qualquer atitude hoje em dia que visa resgatar a dignidade humana, denunciando as deturpações, as perversões nas quais a sociedade está afundando velozmente é taxada de preconceito. A própria palavra já perdeu o seu sentido faz tempo no imaginário coletivo.

    ResponderExcluir