24/08/2011

Formação sobre dependência química nº 3, por Moisés Rocha


Moisés Rocha - Fundador da Comunidade 
Resgate Filhos de João Batista


COMO TRATAR A DEPENDÊNCIA ?

1-      Se a pessoa está com dor de cabeça, ela toma um analgésico. Se ela  está com dor no estômago ela toma um efervescente. Se ela está com dor no corpo ela toma um antiflamatório ou relaxante muscular. Então, se ela está com uma dor gerada na alma, o remédio só pode ser ALÉM DO HUMANO.  Não existe recuperação de dependência química sem espiritualidade!!!!! Assim se basea os programas de Oxford, daí surgiu  o AA, e deles todos os trabalhos até hoje como o  Amor exigente, NA, Nata, etc.. O lema de todos eles é:  “Acreditar que  um poder superior a nós mesmos  pode nos devolver a sanidade” !!!

2-      Se a dependência agora também é física, teremos que ter laborterapia, ou seja, colocar as “químicas para fora”. O trabalho tem a finalidade de desintoxicar, manter a mente ocupada “porque mente vazia é oficina do diabo” e ajudar também a trabalhar os defeitos de caráter. Este trabalho também  é feito por medicamentos, para aqueles que buscaram clínicas medicas, ou profissionais específicos, que não é o caso da nossa entidade.

3-      Se o “pacote do vício” trouxe tanto defeito de caráter ao dependente químico, temos que trabalhar isso para que ele fique totalmente curado, por completo e não só do vício,  e para que isso não seja para ele porta de entrada de recaída, já que a estrutura do mundo trabalha é nas fraquezas das pessoas. Para isso tem que ter disciplina, fazer uma organização interior, colocar limites e regras em si mesmo. Este trabalho também é feito por profissionais específicos, como psicanalistas, psicólogos, terapeutas, etc.

 QUAIS OS MEIOS DE EFETUAR ESTE TRATAMENTO? 

Obs : É preciso lembrar que todo meio utilizado precisa conter os 3 requisitos acima !!!

1-    Grupo de Apoio, também chamado Grupo de Auto Ajuda ou Grupo de Mútuo Ajuda ou até Reuniões, Salas de Ajuda, etc.

Estes grupos são muito eficazes, por 2 motivos:

-  Trata a família (as que tem dependentes internados, as que tem dependentes que não querem ajuda, as que estão com o dependente na reunião também, as que receberam o dependente de volta da fazenda após um processo de internação concluído ou não);

 - Trata o dependente (os que tentam a reunião para ver se não precisam de fazenda, os que estão aguardando vaga na fazenda, os que retornaram da fazenda após um processo de internação concluído ou não). Normalmente um dependente não vai internar de imediato, a não ser que ele é oriundo de uma cidade que não há grupo de apoio. Normalmente se tenta um número mínimo de 4 reuniões semanais primeiro e depois, se ele não der conta mesmo, vai se internar. Há dependentes que conseguem parar do vício sem internação.

- Espiritualidade no Grupo: através da leitura da bíblia, oração da serenidade, violão e musica, momento de reflexão, etc

- Trabalho no Grupo: Cobrando dos freqüentadores que se ocupem de algo, profissionalmente ou voluntariamente no período de tratamento. Podemos também envolver os freqüentadores em funções no grupo, dando responsabilidades, usufruindo de algo que eles tem a oferecer, etc.

- Disciplina no Grupo: Horários, palestra, organização, cobrança de postura, atitude, divisão de grupo para partilha de depoimentos e tempo de desabafo, correção, etc.


2-    Comunidade Terapêutica, também chamada Fazenda de Recuperação, Casa de Acolhida, Casa de Apoio, Clinica de recuperação,  etc

- Recebem aqueles que não conseguem de forma alguma paralisar o vício somente nos grupos de apoio, ou aqueles que pode algum motivo não passaram por grupo de apoio e tentaram de imediato um processo interno.

- As Fazendas de recuperação ou Comunidades Terapêuticas como são chamadas, tem um período de processo, que varia entre 6, 9 e 12 meses, de acordo com cada metodologia de trabalho. Também trazem regimento próprio sobre processo de internação, condições para internar, valores, exames para internação, processo de visitas, telefonemas, o que levar, penalidades, atitudes que levam ao desligamento do processo, graduações, etc...

- A maioria destas Unidades que trabalham desta forma, não utilizam medicamentos e também não aceitam fumar, visto cigarro ser também um vício e que ajuda a manter a fraqueza para com a dependência química.

 - Embora nem, todas conseguem adequar-se a Lei Federal, há uma exigência de profissionais  para auxiliar neste processo, como psicólogo, psiquiatra, terapeuta ocupacional, etc.

- Espiritualidade no Processo de Internação: através da partilha da palavra, oração da serenidade, violão e musica, momento de reflexão, atendimento individual, orações próprias da casa, estudo bíblico, etc

- Trabalho no Processo de Internação: Através de trabalhos de manuais, serviços de produção para manutenção, serviços domésticos, criação de animais, cultivo de hortifrutigranjeiros,etc.

- Disciplina no Processo de Internação: Regras e normas internas, horários,  organização, limpeza, cobrança de postura, atitude, disciplinas e castigos, lazer, leitura, esportes, etc.

Obs: Clínicas de Desintoxicação nem sempre  resolvem o problema do dependente! Ele pode ficar livre da “fissura” física, que o manterá por um tempo, talvez 2 ou 3 meses bem. O problema é que não houve a disciplina, por isso o dependente continua a ter atitudes que chamamos de “ recaída seca”,  aquelas do “pacote do Vicio” . E como não teve espiritualidade, e não foi cicatrizado a ferida do vazio interior, a pessoa se sente incompleto, embora não tenha mais fissura física. Sendo assim, quando este período de 2 a 3 meses chegar, há alguns que são até muito antes, ele vai voltar a usar o produto ou ingerir a bebida, não porque está dependente dela, mas porque as atitudes do caráter corrompido que não foram trabalhadas ou o vazio da falta de algo que preencha o fará retornar ao vício. Daí, as famílias, principalmente as que tem dinheiro, e que não entendem o que está acontecendo, ao invés de procurar um grupo de apoio, uma comunidade terapêutica, levam seus parentes a clínicas psiquiátricas, estas para quem tem algum tipo de loucura e outras. Lá, a pessoa é amordaçada, tomam injeção, tem síndrome de abstinência (falta do produto), tem convulsões, a família paga um absurdo e acaba recebendo de volta um parente em estado “vejetativo”. Pode até não usar drogas ou beber mais, mas será eternamente dependente de muitos remédios fortes, viverá dopado, etc !!!!


QUAIS OS MEIOS AUXILIARES NO TRATAMENTO?

1-      ABORDAGEM: Ir atrás daquele dependente que está no “fundo do poço” e que não aceita ajuda ainda. Mostrar a ele a situação que ele está, e o que vai acontecer com ele se não aceitar ajuda. Para isso, tem que ser alguém que entende tudo  que aprendemos até aqui. Na maioria das vezes familiares não conseguem fazer isso por estarem já muito envolvidos com a situação. Talvez é legal alguém que passou por isso um dia para falar com ele de igual para igual. ( já tivemos muitos casos que deram certo, fruto de abordagem, seja domiciliar ou até hospitalar)

2-      FAMÍLIA: Acostumamos dizer que : “ entre um dependente e um familiar dele, priorizamos o familiar. Porque um dependente mudado não muda uma família e ao contrário, ele sempre recai, agora um familiar mudado é capaz de mudar qualquer dependente que tem na sua família, e mantê-los de pé”
Tratar a família é um forte e poderoso caminho!!!!! ( já tivemos muitos frutos de familiares que eram impossíveis aceitarem ajuda ou se recuperarem e aceitaram tratamento a partir do tratamento feito com a família, que se curou, aprendeu a lidar com o problema, mudou a postura e acabou forçando o dependente a uma mudança)

3-      PALESTRA: Seja em escolas, empresas, alcançando pais, filhos, profissionais, levando a informação, divulgando endereços de grupos, comunidade terapêuticas, etc. ( Já tivemos pessoas que aceitaram ajuda, seja em reunião ou  através de internação,  depois de terem ouvido uma palestra. Pediram para conversar, expuseram o caso e foram ajudados. Teve também casos que eram ainda usuários, que depois de uma palestra, tomaram a decisão de parar)

PARCERIAS COM A  JUSTIÇA: Esta parceria  pode acontecer quando se trata de um dependente que tenha algum envolvimento que o levou a uma ocorrência ou processo judicial. Neste caso, recebemos na nossa Obra, diversos casos que, por espontânea vontade não aceitaria ajuda, mas com uma parceria com o judicial, acabamos por conseguir, meio que obrigar a pessoa a tomar uma decisão, exemplos: Menores que cometeram infração ( se for infração leve, ele é “condenado” a freqüentar as reuniões semanais por alguns meses. Se for infração grave, ele é “condenado” a se internar ou então será destinado a unidade de menores infratores – tipo FEBEM). Aos adultos, recebemos pessoas saindo da cadeia obrigados a um tratamento de reintegração no grupo, recebemos serviços obrigatórios como pena alternativa, pessoas obrigadas a se tratar por determinado tempo para não condenado, recebemos pessoas que a condenação é ficar na fazenda por determinados meses ao invés de ser preso na cadeia, etc.) 


        Lembre-se sempre, seja você dependente ou familiar  de dependente:
“ Quem precisa de ajuda é você"!

Moisés Rocha
CONTATOS: 031- 3771 9200 ou 9693 0092