A prática eleitoral surge em Atenas no século V (a.C.)
com a participação de parte da população: Mulheres, estrangeiros, escravos e
crianças ficavam de fora das decisões políticas da cidade. A democracia despontava
mas de forma muito reprimida, nessa época
o eleitor para votar tinha que expressar publicamente sua opinião, causando consequências sérias se não estivessem de acordo com os poderosos.
o eleitor para votar tinha que expressar publicamente sua opinião, causando consequências sérias se não estivessem de acordo com os poderosos.
Foi em Roma a partir do século II (a.C.) que o voto
começou a ser secreto, sendo depositado em uma urna para evitar constrangimentos.
Desde então, os procedimentos eleitorais e a votação como direito de todos
cidadãos passaram a ser motivo de lutas e discussões.
Com a democracia já estabelecida e direitos conquistados,
em 2012, inicia-se o período de eleições, onde serão eleitos representantes que
governarão para benefício e interesse de todos. Uma nova oportunidade de
melhorar a qualidade de vida nos bairros e municípios, e colocar em ordem o que
não foi organizado, é a festa da democracia. Será mesmo?
Está de volta a comédia da vida privada: as campanhas eleitorais e suas
propagandas. Ao ritmo de Michel Teló “Vota!
Vota! Robinho Patriota dois dois um dois três é 22-1-2-3” e do afoxé “É 15-6-15,
15-6-15, 15-6-15 é quem eu vou votar” o povo seleciona seus representantes
políticos para um futuro com mais esperança para a população.
Há comícios shows que levantam a
galera ao som de um brega muito animado conduzindo os espectadores a uma
alienação total sobre a gravidade do que se passa, a famosa política do pão e
circo. Embora tenha sido proibido ‘showmícios’, carros de som fazem a vez dos
cantores com propagandas muito mais dançantes que esclarecedoras.
Em pleno século XXI, ainda é um desafio despertar as mentes para o
significado da política e as consequências para a sociedade. Os assuntos
relacionados à política sempre começam sobre ‘corrupção e nenhum político
presta’, porém esquecem-se que os eleitos são escolhidos pelas próprias pessoas
que jogam pedras.
O problema é que a responsabilidade da população não é apenas no dia da
eleição, começa antes estudando os candidatos, passa pelo voto e continua com
as cobranças. Ninguém quer se dar ao trabalho de fiscalizar pois é muito cômodo
deixar para os outros resolverem tudo e não ter que gastar tempo com um
problema que envolve toda sociedade.
Embora os resultados sejam evidentes, culpar alguns continua sendo muito
mais fácil do que fazer um exame de consciência e chegar a conclusão de que a
possibilidade de mudança está ao alcance das mãos, porém dá um certo trabalho,
pois é preciso pensar um pouco mais.
A política está em tudo que praticamos, frequentamos e
fazemos, faz parte do nosso dia a dia. No funcionamento de qualquer empresa e
instituições ou até mesmo nos relacionamentos de amizades e familiares, ela
está presente.
Quem afirma não gostar de política não tem consciência do
que está dizendo, e principalmente quando se refere à administração dos bens
públicos. É como deixar a porta da casa aberta e ir embora, ou entregar
dinheiro na mão de alguém e não pedir prestação de contas depois. A palavra política significa ‘habilidade no trato das relações humanas;
modo acertado de conduzir negociação; estratégia; arte ou ciência de governar
bem’, Aurélio Buarque.
Após tantos escândalos de corrupção envolvendo a máquina
pública, a confiança, a esperança e o compromisso de exercer o papel de cidadão
pela luta da democracia morreram para a grande maioria dos brasileiros.
Quando se pergunta ‘em quem você votou na última eleição’,
poucas lembram de pelo menos um candidato e somente para cargos como prefeito,
governador ou presidente. Esquecem-se porém que a situação não mudará enquanto
não aprenderem a votar.
O Tribunal Regional Eleitoral é o responsável por
fiscalizar as propagandas políticas para que não fujam das normas estabelecidas
de decoro e para evitar abusos. Porém quanto ao seu conteúdo, que em sua
maioria são mais publicitárias que apresentação de propostas, não existe uma
cobrança para que o foco não fuja da apresentação do candidato, sua trajetória,
seu histórico e suas proposta.
As coligações são um tipo de aliança que os únicos
beneficiados são os os partidos com troca de favores entre eles, é um tipo de
pré-campanha interna que elegem um candidato e esforçam-se para elege-lo, como
declarou Fernando Henrique Cardoso em uma época de eleições, “O meu candidato é
o que tiver melhores condições para juntar forças para ganhar uma eleição
dentro de um programa da aliança.”
O povo brasileiro não sabe votar porque ainda não compreendeu o que é política
e o valor dela. Fecha os olhos para os seus direitos e não busca mudar o
comportamento descompromissado com a organização do seu bairro e de sua cidade,
espera que os outros façam. Política para a maioria dos brasileiros é sinônimo
de político e não de ações que envolvem sua vida diretamente.
Para que tudo não continue a terminar em pizza, a sociedade deve despertar
e mudar a mentalidade em relação ao voto, no qual busque exercer a cidadania,
afinal o governo é o reflexo da própria sociedade, daquilo que ela busca para
si. "Cada povo tem o governo que merece”, disse o filósofo
francês Joseph-Marie Maistre (1753-1821)
Rejeitado por parte do
eleitorado e fundamental para os candidatos
Com o objetivo de apresentar os candidatos e propostas, o horário
eleitoral gratuito na tv é ignorado por grande parte da população. “A estratégia
de um candidato pode se alterar com a repercussão do horário gratuito, por
exemplo. É um local tanto para o candidato que administra mostrar o que já fez,
como também serve para a palavra de outros candidatos e para apresentar novos
nomes”, sintetiza Silvana Krause, doutora em Ciência Política e professora da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Por mais desacreditada que seja a campanha, o cidadão deve estar atento as
mudanças e aos debates que vão surgindo ao longo das divulgações. Pois até
mesmo esse horário que é destinado na tv é sustentado com o dinheiro público.
As propostas apresentadas e os jingles, provocam debates e discussões
entre os próprios candidatos que se esforçam a descobrir a mínima contradição,
favorecendo aos próprios eleitores que estão se informando e verificando a
veracidade dos fatos, além de tomarem um conhecimento maior sobre cada
personalidade política ali apresentada.
As propagandas políticas na tv é o ponto mais forte na campanha de um
candidato, porque torna maior sua visibilidade, é o momento oportuno para
reivindicar e também fixar as propostas, com o propósito de serem cobradas
depois.“A veiculação da propaganda eleitoral no rádio e TV dá início de vez à
disputa pelo pleito”, destaca a doutora em Ciência Política, Márcia Ribeiro
Dias.
Graça Dantas